sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Para Lulu dos sete véus...

De minha parte eu cansei de cerimônias e rituais de despedida. Cansei de me preparar para as datas certas, as horas exatas, para celebrar a ausência com flores brancas e lágrima na voz.

Não lembro muito bem como tudo aconteceu, só sei que fui ficando cada vez mais vazio. E o comboio que me levava também cada vez mais vazio, tão vazio o bichinho. No meu comboio sai mais gente do que entra! Fiquei assustado quando percebi isso. Um dia me desesperei. Não desce mais ninguém, gritei. E toca o comboio pra frente sem parar em nenhuma estação. Foi então, nesse instante, que descobri porque não entrava mais ninguém... Eu não parava, a vida não parava, tudo estava sempre em movimento.

O tempo passou, a vida correu, e certa vez o meu comboio diminuiu a velocidade, não sei direito se ele parou em alguma estação ou se só diminuiu a velocidade. A porta estava fechada, mas a janela aberta. Gosto de imaginar que nesse dia você entrou pela janela. E que teve muito trabalho para entrar! Tinha fivela no cabelo, lembro bem desse detalhe, e um sorriso azul nos lábios. Sentou na minha frente com seu jarrinho de flor lilás no colo e ficou me olhando, me olhando, mas não disse nada. Nada! Nem uma palavrinha sequer. E nem precisava.

Veleiro