terça-feira, 7 de setembro de 2010

A felicidade é como a flor do caju




Não é triste o lugar onde eu me encontro, nem é turva a nuvem do meu caminho. Às vezes, fico quieto olhando uma pedra ao chão caindo e um cajueiro balançando e suas folhas me sorrindo...

A minha felicidade é como a flor do caju que se abre no sol da manhã, sem pressa, como quem cumpre o seu papel no teatro da natureza: despojar-se ao sol, à chuva, ao vento, à lua.

A minha felicidade é assim: semente de um roseiral que nunca esmorece, rígida e encorpada, fechando-se em pétalas de prece às intempéries da vida e em pétalas de fé no desamparo da morte.

E porque o tempo não passa no relógio celeste, a minha felicidade é secular, pétala solerte, que se dissolve no murmurar de um vento agreste. Sei que ela, a minha felicidade, na palma da mão cabe e sei também que por entre dedos me foge. Fugaz, fugidia é minha felicidade, louca varrida e doida curada que some no meio do dia e me escapa no cair da tarde.

- E o sol se pondo por detrás das colinas do outono -

Mas logo em seguida ela empina e sai pela rua vadia, rondando de casa em casa até o amanhecer do dia, no primeiro sinal da madrugada. Minha felicidade é dançarina, balé de cores suaves, e voa clandestina, no bico cinzento das aves.

Veleiro