domingo, 13 de julho de 2008

no verso do verso do verso que morre...

Perdoe a pressa, a urgência, a indigência
dessas poucas palavras que nada dizem
e se perdem em explicações fajutas,
tão fajutas quanto o seu dono,
esse senhor escrevedor de horas.

Que amanhã o corpo não esteja cansado,
nem a alma exausta, nem as palavras dispersas,
e que ao acordar, juntando tudo, corpo, alma e palavra
eu possa lhe dizer mais que as horas estancadas
do relógio de pulso que já não uso.
E dizendo, que eu seja lúcido o suficiente
para não deixar o desvario do meu verso torto
repousar no seu colo silente, descalço, nu
imerso numa dor tão doída
que alguém poderia perguntar:
Morreu?

Mas se isso, porventura ou por descuido, acontecer
que você pegue o meu verso
e vele e chore e reze por ele,
por mim, por nós,
por nós que vivemos no verso
do verso do verso que morre.

Veleiro

2 comentários:

Anônimo disse...

Se a vida passa, o tempo flui, os momentos se desfazem, os amores se vão.. os amigos também...se na inconsciência dessa impermanência nos debatemos e ferimos, só o silêncio descansará o corpo e acolherá a alma.
...e a alma renascida olhará então para o verso que restou e agradecerá por ele!

Adorei o que escreveu!
Um beijo de alma para alma.

Veleiro disse...

Ô mãos de jasmim, como foi bom revê-la hoje... mais uma vez, mais uma vez. Obrigado pelo abraço, que coisa boa!